O mel produzido em Simplício Mendes, no Piauí, é o mesmo, mas todo o resto mudou. Os tonéis exportados para os Estados Unidos deram lugar a potinhos com rótulos cor-de-rosa, selo de produto orgânico e um preço de venda por quilo quatro vezes maior no St. Marché, rede de supermercados para média-alta renda em São Paulo.
O banho de loja faz parte do trabalho feito junto ao PolvoLab, um fundo criado há pouco mais de dois anos com o objetivo de incentivar a mobilidade social de pessoas na faixa da pobreza.
A iniciativa escolhe produtos como o mel piauiense e trabalha ao longo de toda a cadeia para transformá-los em algo “premium”, que possa ser vendido pelo valor mais alto possível, maximizando a renda dos produtores.
Da Faria Lima, o fundo mapeia as oportunidades, investe em pesquisa e desenvolvimento, capacitação dos funcionários e na estratégia de logística e venda. Na prática, o PolvoLab atua como um sócio que assume a maior parte do risco caso o produto não saia da prateleira – e fatura com uma porcentagem final das vendas.
O fundo é a materialização da crença de que os produtos brasileiros precisam ser mais valorizados. Essa é a ideia que move as co-fundadoras Ana Maria Diniz (à dir. na foto), acionista e conselheira da Península, de Abilio Diniz, e fundadora do Instituto Península, e Gabi Marques, empresária com experiência no mercado financeiro.
“Não queremos vender o produto da agricultura familiar como um produto coitadinho. Não queremos que você compre para ‘ajudar’. Mas que compre porque tem qualidade, porque é bom e pode substituir seu produto Nestlé”, diz Marques.
O mel da Caatinga foi o primeiro item com o selo PolvoLab a chegar às prateleiras. Ele é produzido pela Cooperativa Mista dos Apicultores da Microrregião de Simplício Mendes (Comapi), que conta com quase 700 famílias associadas. A renda dos apicultores aumentou em 25%, e a Comapi, que estava endividada, já pagou quase tudo o que devia.
As culturas de castanha de caju, cacau, milho, mandioca e licuri também estão sendo trabalhadas pelo PolvoLab com mais 2.700 famílias, em cidades dos estados da Bahia, Piauí e Maranhão. Das 14 mil pessoas envolvidas, 70% são mulheres.
As sócias já investiram R$ 7 milhões no fundo – a maior parte de Diniz – e se preparam para abrir uma rodada de captação nas próximas semanas. O foco deve estar em investidores voltados para impacto.
Leia a materia completa no CapitalReset
Comments are closed